O Movimento Negro é formado pelas manifestações de luta contra o racismo e em busca de igualdade social e defesa dos direitos civis do povo negro.
O combate ao racismo e às desigualdades sociais entre brancos e negros é um enfrentamento que existe há muito tempo.
Embora ao longo dos anos as lutas tenham ganhado mais visibilidade e diferentes coletivos tenham se formado, o preconceito, o racismo, a violência e a discriminação ainda são problemas sociais graves.
Por isso que, cada vez mais, questões como o empoderamento feminino negro, a valorização da cultura negra, entre outras, precisam ganhar voz.
Que tal conhecermos mais sobre o Movimento Negro, sua história no Brasil e no mundo, os nomes importantes de movimentos negros ao redor do mundo e outros temas relacionados? Continue a leitura.
O que é o Movimento Negro?
O Movimento Negro é um amplo conjunto de organizações, grupos e indivíduos que trabalham em prol dos direitos, da igualdade e do empoderamento da população negra.
Ao longo do tempo, o movimento se organizou em diferentes formas e tem se engajado em atividades como protestos, mobilizações, campanhas de conscientização, projetos de empoderamento, debates e advocacia política.
Vale ressaltar que o Movimento Negro não é homogêneo e abrange diferentes perspectivas, ideologias e estratégias de atuação.
Existem várias organizações e grupos dentro do movimento, com enfoques específicos e abordagens diferentes. No entanto, todos compartilham o objetivo comum de promover a luta contra o racismo e promover a igualdade racial.
A história do movimento negro no Brasil
O Movimento Negro no Brasil teve suas raízes históricas nos períodos da escravidão e da luta pela abolição, que ocorreu em 1888. A resistência dos negros escravizados, por meio de fugas, rebeliões e lutas por liberdade, foi fundamental para o surgimento do movimento.
Três principais fases marcam o Movimento Negro no Brasil:
1. Primeira fase – de 1889 a 1937
Após a abolição, a população negra enfrentou grandes desafios de inclusão social, econômica e política. O racismo estrutural, termo cunhado pelo advogado e filósofo Silvio Almeida, continuou a afetar a vida dos negros, que continuaram excluídos das oportunidades de trabalho, educação e acesso aos direitos básicos.
O racismo estrutural é o termo que define um cenário de discriminação racial e preconceito consolidados na organização da sociedade, beneficiando e valorizando uma raça ou etnia específica em detrimento de outra.
Nesse contexto, começaram a surgir as primeiras organizações e associações de afrodescendentes, que buscavam a inclusão social. Nesta fase foi fundada a Frente Negra Brasileira, que mais tarde se tornou um partido político, mas deixou de existir quando Vargas extinguiu todos os partidos.
2. Segunda fase – de 1945 a 1964
Esta fase foi considerada extremamente repressiva e o movimento só ganhou espaço novamente com a reabertura política com o fim da era Vargas.
Neste período surgiram duas importantes instituições em prol de ações na luta contra o racismo e promoção de políticas:
- a UHC – União dos Homens de Cor, cujo objetivo era elevar o nível intelectual e econômico dos negros no país;
- o TEN – Teatro Experimental Negro, que começou como um grupo teatral e expadiu sua atuação para publicação de jornais e cursos de corte e costura e alfabetização.
As duas instituições perderam força com o golpe de 1964, que deu início à ditadura.
3. Terceira fase – de 1978 a 2000
Neste período, o Movimento Negro se reorganizou e o primeiro acontecimento foi a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), que tinha como objetivo a inclusão social.
O MNU adotou uma postura mais radical na luta contra o racismo e abandonou algumas personalidades das fases antigas, como a Princesa Isabel e adotou novos heróis, como Zumbi dos Palmares.
A construção de políticas públicas na luta contra o racismo
Existem diversas políticas públicas criadas no Brasil para a luta contra o racismo.
Conheça algumas:
- Lei 10.639/2003: esta lei tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas, incluindo o estudo da história dos povos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura afro-brasileira e a contribuição dos negros para o desenvolvimento do país;
- Lei 12.288/2010 – Estatuto da Igualdade Racial: este estatuto estabelece normas de promoção da igualdade racial e combate ao racismo. Ele prevê a criação de políticas públicas para promover a igualdade de oportunidades, a valorização da cultura afro-brasileira, ações de combate ao racismo e a discriminação racial, entre outras medidas;
- Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: essa política tem como objetivo reduzir as desigualdades raciais no acesso à saúde e promover uma atenção integral à saúde da população negra, considerando suas especificidades e necessidades;
- Programa Brasil Quilombola: este programa busca promover a cidadania, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das comunidades quilombolas, por meio de ações nas áreas de regularização fundiária, infraestrutura, educação, saúde, entre outras;
- Sistema de Cotas Raciais: esta política de cotas raciais consiste em reservar um percentual de vagas em universidades públicas, institutos federais de educação e concursos públicos para estudantes e candidatos autodeclarados negros, visando aumentar a representatividade e promover a inclusão desses grupos.
É importante ressaltar que essas políticas estão em constante evolução e que ainda há desafios a serem enfrentados para garantir a igualdade racial plena e o combate efetivo ao racismo.
Exemplos de personalidades e lideranças do movimento negro no Brasil e no mundo
Há várias personalidades e lideranças do Movimento Negro no Brasil. Em nível mundial muitos nomes fizeram também fizeram história por seu impacto significativo na luta contra o racismo e na promoção da igualdade racial.
Aqui estão alguns exemplos:
1. Abdias do Nascimento
Foi um importante líder do Movimento Negro no Brasil. Fundou o Teatro Experimental do Negro e foi um defensor incansável dos direitos e do reconhecimento da população negra.
2. Lelia Gonzalez
Foi uma socióloga, feminista e ativista negra brasileira. Lutou pela valorização da cultura afro-brasileira e pelo empoderamento das mulheres negras.
3. Milton Santos
Geógrafo e intelectual brasileiro, Milton Santos analisou o racismo estrutural e suas implicações na sociedade brasileira, contribuindo para a compreensão das desigualdades raciais.
5. Djamila Ribeiro
Filósofa, escritora e ativista, Djamila Ribeiro é hoje uma das mais importantes vozes no pensamento e na luta feminista e antirracista no Brasil.
5. Zumbi dos Palmares
Zumbi dos Palmares foi um importante líder quilombola do período colonial brasileiro, que conseguiu manter a resistência quilombola por muito tempo. O quilombo de Palmares foi formado por comunidades de africanos escravizados que fugiam das plantações e se refugiavam nas matas.
6. Martin Luther King Jr.
Foi um líder dos direitos civis nos Estados Unidos. Liderou o Movimento pelos Direitos Civis e lutou contra a discriminação racial e a segregação.
7. Nelson Mandela
Foi um líder político e ativista anti-apartheid na África do Sul. Lutou contra o regime de segregação racial e se tornou o primeiro presidente negro do país.
8. Angela Davis
Filósofa, escritora e ativista norte-americana, Angela Davis é conhecida por seu engajamento na luta pelos direitos civis e contra a opressão racial e de gênero.
9. Malcom X
Foi um ativista e líder do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos. Defendeu a autodeterminação e a igualdade de direitos da população negra.
10. Rosa Parks
Foi uma importante figura do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos. Em 1955, Rosa Parks recusou-se a ceder seu assento a um homem branco no ônibus, desobedecendo às leis de segregação racial da época. Sua ação de resistência pacífica foi um marco na luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos.
Esperamos que tenha gostado de conhecer um pouco mais sobre assuntos relacionados à história e cultura afro-brasileira, como o Movimento Negro e a luta contra o racismo.
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